Mais importante agora é manter corpo e mente saudáveis, sem exagerar nos treinos
Quando a pandemia de covid-19 chegou ao país, diversos setores da sociedade tiveram que se adaptar ao novo cenário e se reinventar. Com o rugby não foi diferente. Com centros de treinamentos fechados e campeonatos adiados por tempo indeterminado, o esporte buscou alternativas para manter as atividades respeitando as regras de isolamento social indicadas pelos órgãos de saúde.
Workshops foram lançados para ampliar o contato entre o staff de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Rugby e clubes de todo o país. A troca de conhecimento entre os participantes tem sido bastante positiva. A área de Preparação Física também tem se movimentado para garantir mais conhecimento à comunidade. Eles já lançaram materiais sobre testes físicos e alvos esperados pelas seleções, que chegaram aos rugbiers de forma positiva.
O coordenador de treinadores da CBRu, Fernando Portugal, contou que a entidade está empenhada em fortalecer essa conexão. “Rio 2016 e Pan 2019 tiveram um impacto imenso em nosso rugby, reforçaram nossa identidade. Falta agora nos aproximarmos ainda mais de nossa comunidade”, observa.
Por não saber quando será encerrada a quarentena, Portugal explicou que o staff técnico da Confederação traçou três cenários – otimista, realista e pessimista – para replanejar a preparação das seleções masculinas e femininas.
“A gente vai resistir e seguir! O mais importante agora não é melhorar o desempenho a qualquer custo, mas adaptar os treinos para manter os atletas mental e emocionalmente saudáveis”, salientou ele que foi jogador da Seleção Brasileira por muitos anos e também já representou os atletas no Conselho Administrativo da CBRu.
O comprometimento do calendário prejudicou os times e as seleções no mundo inteiro. Para Portugal, este tempo maior até os amistosos e as principais competições deve ser encarado como oportunidade. “O adiamento dos jogos é pior para os atletas com mais idade. Nossa missão é refazer esse ciclo de preparação para colocar todos no mesmo estágio físico e de concentração num prazo bem mais longo”, observa.
O staff técnico acredita que as Yaras (Seleção Feminina de Sevens) farão uma boa exibição nos Jogos de Tóquio, remarcados para 2021, e que os Tupis (Seleção Masculina de XV) têm grandes chances de classificarão para a Copa do Mundo de 2023. Além disso, o masculino ainda lutará pela última vaga na repescagem do Jogos Olímpicos, já que não conseguiram a classificação regional.
Corinthians Rugby – Sobre o projeto Corinthians Rugby, franquia formada para disputar a Superliga Americana de Rugby – também cancelada devido à pandemia do coronavírus, Portugal acha que a iniciativa deve ser vista pelo lado inovador, já que tem a chance de viabilizar um time nacional apto para torneios internacionais de alto rendimento. “O projeto tem potencial para tornar o rugby mais visível no Brasil, aumentar a competividade entre os times sul-americanos e contribuir com novos talentos para as Seleções do continente”.
Rugby e vôlei – Em outra conversa também promovida pela CBRu, desta vez com Luizomar de Moura, experiente treinador do Osasco Audax/São Cristóvão Saúde, pentacampeão da Superliga Feminina de Vôlei, Fernando Portugal destacou a importância da formação de treinadores para a evolução do rugby, tal qual o vôlei faz tradicionalmente com excelência.
“Nossa Confederação vem atuando para intensificar a formação de treinadores, staff e jogadores, criando módulos de cursos e workshop de alto rendimentos. Essa transformação da modalidade passa pelo treinador, na qualidade e na forma de passar a filosofia para o jogador. A estrutura que predomina em nosso esporte ainda é amadora, não temos grandes clubes profissionais e ainda sofremos na capacitação”, avaliou.
A partir daí, complementa Portugal, os treinadores terão mais conteúdo atualizado sobre o rugby e estarão mais aptos a acompanhar os cursos da World Rugby, federação internacional da modalidade, que exigem mais conhecimento técnico e metodologia de aplicação.
Na visão dele, o desempenho das Seleções Masculina (Tupis) e Feminina (Yaras) vem ajudando a CBRu a difundir a modalidade no país: “Temos hoje uma geração que dá perspectiva ao Brasil, já com grandes conquistas. Nossa missão é dar continuidade e intensificar essa formação”.
Foto: Fotojump